domingo, 13 de fevereiro de 2011

Dois fatos distintos, em continentes distantes, mas com o mesmo protagonista: O POVO!

Ensaio da União da Ilha
Centenas de milhares de manifestantes antigoverno se reuniram no maior protesto desde o início da revolta contra Mubarak

Rio de Janeiro - O incêndio acontecido na Cidade do Samba, dia 7 de fevereiro, onde as escolas que foram atingidas: Acadêmicos do Grande Rio, União da Ilha do Governador e Portela, tentam recuperar os carros alegóricos e fantasias num trabalho frenético. Máquinas de costura foram doadas pelas comunidades para que as escolas pudessem agilizar os trabalhos.  Muitos componentes passam o dia trabalhando  e deixando suas casas e as famílias para se dedicarem em tempo integral à escola do coração. 

Cairo - A vitória do povo egípcio contra o ditador Hosnin Mubarak, que renunciou ao poder no dia 11 de fevereiro, está em festa. A derrocada de Mubarak, depois de 18 dias de protestos, encantaram o  mundo como exemplo de resistência popular e este evento estimulou manifestações pela democracia em mais dois países árabes neste final de semana: Argélia e Iêmen.

Alguém duvida que se o povo está unido por um mesmo ideal pode fazer milagres?

Vimos que nas catástrofes o povo tem um grande poder de articulação e rapidamente as coisas acontecem. Sem líder... Chefia.... Apenas a população imbuída em minimizar o sofrimento. Presenciamos isso várias vezes na ajuda solidária à população do sul do Brasil e agora na região serrana do Rio de Janeiro.

E se alguém não acredita que o carnaval das 3 escolas que foram atingidas pelo incêndio será maravilhoso irá se enganar redondamente. Acho que esse carnaval, para as referidas escolas,  além de bonito  vem extremamente vibrante, pois há o sentido da paixão e amor pela agremiação. Assim, a união destes valores irá fazer toda a diferença através dos quesitos Harmonia e Evolução. Cantar amor com a alma e demonstrar na dança... Corpo e alma... perfeito!

No Egito homens e mulheres estão unidos numa mesma causa... Sem líderes ou chefia. É o povo em todo o sentido de querer viver a democracia e participar da reforma política do país. Uns resistem com palavras de ordem nas praças e ruas, outros estão varrendo o chão destas ruas e pintando os meio- fios das calçadas em sinal do desejo de iniciar a reconstrução do Egito.

Eu não duvido da força do povo...
Que bom que faço parte dele!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A coragem feminina na reconstrução de uma cidade mais humana e integrada com a Natureza

A calamidade que se abateu sobre a Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro vem sendo construída pela própria sociedade desde há alguns anos. Refiro-me aqui desde o aquecimento global até as ações pessoais de cada indivíduo e que fazem parte de todos os fatores que contribuíram e ainda contribuem para tanta destruição.
As grandes precipitações de chuvas não são inéditas nessa região e são perfeitamente explicáveis por uma série de consequências naturais do clima e da geografia da própria localidade. O diferencial desses últimos tempos é o grande índice de água que se precipita de uma só vez.
O exemplo de Cubatão, durante os anos 80, onde a maior vilã da desgraça foi a poluição, os fatos se repetem na Região Serrana do nosso Estado. Segundo estudos e palestras ministradas pelo presidente da Fundação Natureza, Dr. Aristoteles de Queiroz Filho, recentemente falecido, a Região Serrana, principalmente Nova Friburgo, manifesta todos os tipos de poluição e que se apresentam em um aumento alarmante nesses últimos anos. Podemos aqui exemplificar algumas que são facilmente identificáveis como: O aumento do tráfego urbano e rural; o descarte indiscriminado de todos os tipos de lixo; a má utilização do solo para moradia e agricultura em áreas de risco; o comprometimento do ar pelas queimadas nas montanhas e pela queima de lixos tóxicos seja das grandes, médias ou pequenas indústrias; o desmatamento nas áreas de nascentes e o despejo de esgoto doméstico e industrial nas águas de córregos e rios e o grande avanço de construções irregulares nas áreas de risco.
A Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro está pagando muito caro pelo desrespeito ao meio em que vive e, como sempre, quem mais sofre são os mais pobres e, principalmente, as mulheres e seus filhos que são a maioria nas imensas filas em busca de água potável, alimentos e roupas. Essas mulheres também são a maioria nas cozinhas dos abrigos, na ajuda comunitária, na limpeza dos destroços e das ruas da cidade. Elas também contribuem imprescindivelmente nas organizações militares e civis. São as que mais ajudam e as que mais sofrem
Perdemos muitas pessoas queridas, até mesmo pessoas que também lutavam arduamente para uma região melhor, como a companheira Leni Reis que sempre participou ativamente como Presidente de Associação de Moradores de Campo do Coelho, fundadora da Cooperativa da Mulher Rural; Ativista da Fundação Natureza e Liderança Comunitária do Ser Mulher entre muitas outras ações importantes.
Perdemos pessoas, moradias e bens, mas os 56% dos habitantes da Região atingida pelas calamidades são de mulheres que não perderam a capacidade de solidariedade, persistência e vontade de reconstruir uma nova cidade nos moldes do respeito à dignidade humana e integrada à Mãe Natureza.
Por: Laura Mury - lauramury@fundacaonatureza.org.br
Laura Mury é Professora, Gestora em Direitos Humanos, Diretora do Tecle Mulher-Assessoria e Pesquisa no âmbito dos Direitos da Mulher; Presidenta do COMSEA-NF; Presidenta da Rádio Comunidade Friburgo; Coordenadora Geral da Fundação Natureza e Membro da AFI.

Mulheres lado a lado com os homens nas manifestações do Egito

 Destapadas ou cobertas, um grande número de mulheres tem participado nas manifestações contra o regime egípcio.
Um ato de coragem duplo num país, onde as mulheres ainda podem ser consideradas seres inferiores e não ter igual acesso à educação e ao trabalho.
Um ato de coragem duplo num país onde o assédio sexual é considerado um cancro social.
“Eu acho que o Egito se tornou um país. Desde a Irmandade Muçulmana aos comunistas, todos têm o direito de partilhar o poder neste país. Demita-se! Toda a gente neste país lhe pede para se demitir. Acabou! É suficiente! Basta!”, apela uma mulher cristã.
“Todos nós somos um só, nunca nos vamos separar”, diz uma muçulmana, que abraça uma cristã.
“Eu acho que é fantástico! Acho que eles devem continuar e devem manter o espírito. Se ele é teimoso, nós também somos, mais do que ele”, garante uma jovem. A amiga que está ao seu lado conta o que ouviram antes de ir para a Praça Tahrir: “Disseram-nos que ia haver assédio sexual aqui e não vimos nada disso. Estes sim são verdadeiros homens!”
“Temos orgulho neles”, garante a jovem, enquanto a sua amiga acrescenta: “Temos orgulho de sermos egípcias. Pela primeira vez, temos orgulho de sermos egípcias”.
“Os protestos na praça Tahrir estão a mudar muitas coisas no Egito e não apenas o destino de Mubarak. Estas mulheres estão a manifestar-se lado a lado com os homens. A sua revolução é dupla: derrubar com o regime e romper com alguns preconceitos”, afirma o enviado especial da Euronews ao Cairo, Luis Carballo.
Via: Euronews

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

De Quem é a Culpa – Chuvas 2011 – Parte I

Para quem gosta de apontar culpados, poderíamos dizer que o primeiro responsável foi D. João VI, que, em 16 de maio de 1.818, assinou decreto autorizando o estabelecimento de uma colônia suíça na então Fazenda do Morro Queimado. Como parte de um projeto de "branqueamento" da população brasileira, centenas de famílias foram alojadas às margens do rio Bengalas, nas suas áreas de várzea, e logo sofreram com as primeiras enchentes.

Posteriormente receberam suas glebas, divididas sem nenhum critério. Foram ocupadas encostas, vales e margens de rios. Esse tipo de ocupação perdurou ao longo dos quase dois séculos de existência de Nova Friburgo. Quantos rios e córregos do município tiveram seus cursos retificados, como o Bengalas? Quantos tiveram suas margens ocupadas e seus leitos estrangulados, como o rio Cônego e o córrego dos Inhames? Quantos outros foram transformados em galerias subterrâneas, como o que agora retomou seu espaço na Vila Amélia?

O problema da ocupação desordenada, que não é só do pobre, vide o teleférico e o Parque da Pedra, não se resolverá em um ou dois anos, provavelmente nem uma década seja suficiente para corrigir os erros cometidos em dois séculos de vida do município. É preciso um novo modelo de desenvolvimento, e boa parte dele está expresso no Plano Diretor Participativo, tornado lei municipal em 2007.

Não há registro na história de Nova Friburgo de uma chuva de tamanha magnitude em tão curto espaço de tempo. Quando um fenômeno como esse acontece em área desabitada por humanos, ainda assim as conseqüências são dramáticas. A geografia da região se transforma, os deslizamentos movimentam grandes quantidades de terra, rochas e árvores, modificando a topografia das encostas, dos vales e os cursos dos rios. Já em regiões povoadas, assume as feições trágicas a que assistimos estarrecidos.

Com o conhecimento e a técnica atual pode-se minimizar alguns efeitos das fortes chuvas, mas não evitar completamente os seus terríveis danos. Monitoramento e sistemas de alerta podem servir para poupar vidas humanas e diminuir as mortes. Estudos como os que foram realizados pela prefeitura na gestão passada, como o Plano Municipal de Redução de Riscos e o Plano de Macrodrenagem, quando realizadas as obras necessárias, que exigem recursos do Estado e da União, pois custam muito mais do que o orçamento do município suporta, podem diminuir também a perda de vidas e os danos materiais. 

Investimentos em habitação popular também são fundamentais. Sem subsídio público, como o que existe no programa Minha Casa, Minha Vida, não se resolve o problema das ocupações das áreas de proteção permanente e das áreas de risco, que são as que não têm valor para o mercado imobiliário e, por este motivo, as que sobram para a população de baixa renda.

Inconformados com a nossa impotência diante dos fenômenos naturais, nos acostumamos a sair em busca de culpados. As consequências poderiam ser minoradas, sem dúvida, mas não neste modelo de organização política, econômica e social em que vivemos. O ordenamento territorial, a habitação, o saneamento e o transporte, não podem ser deixados a cargo da “mão invisível do mercado”. Há que se ter políticas públicas e de estado fortes nestes setores.

É preciso uma profunda transformação na sociedade brasileira, que desloque o eixo das prioridades do capital para o social, o ser humano e suas relações com a natureza. Só assim, em uma nova sociedade socialista e democrática, participativa e plural, poderemos efetivamente promover as mudanças que atendam às necessidades humanas e não aos interesses financeiros. Fora disso, tudo o mais não passará de paliativo.

Tempo de recomeçar

O Indecente ficou sem voz por um tempo...
Tempo de encerrar o ano de 2010 e aguardar 2011.
Era como se fossemos crianças iniciando o ano letivo e aguardássemos para começar a escrever no caderno novinho, sem nenhuma "orelha"... Depois das férias a gente volta!!!!!
Mas aí veio a grande catástrofe na região serrana. Entre a noite de 11 de janeiro de 2011 e madrugada do dia 12 aconteceu o dilúvio.
A gente aqui no Rio e os amigos e familiares em Friburgo.
A gente vendo tudo pela TVsem saber notícias das pessoas durante 3 dias.
A gente aqui com coração apertado sabendo que tinha sido uma tragédia enorme, pois já havíamos vivido algumas enchentes por lá, mas as imagens, desta vez, mostravam que tinha sido muito pior.
A gente ficou sem voz porque era tempo de agir.
E assim Sylvio foi para Friburgo no dia 17 com uma equipe de engenheiros da UERJ, e eu no dia 21 com a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado...
Ele levava na bagagem os mapas do Plano Diretor de Nova Friburgo (PDNF), cds com as iamgens de satélite, GPS e uma enorme vontade de poder ser útil aos gestores do município, já que foi o responsável  pela elaboração do PDNF em 2007..
Eu levava a minha disposição em contribuir com as familias desabrigadas na realização do cadastro para o Aluguel Social.
Vimos um ambiente de guerra... destruição por toda a parte. Caramba...
Mas, vimos coisas bacanas acontecendo como a atuação efetiva das Forças Armadas, do Ministério Público, Defensoria, IML, Comlurb, Cruz Vermelha, Bombeiros, Polícia Militar,e a força do voluntariado no resgate das pessoas, na atuação dentro dos abrigos e pontos de entrega das doações.
Infelizmente,  vimos também quanto a mediocridade humana pode ficar tão evidente mesmo num acontecimento desse porte.
Gente levando suas "cestas básicas", em cima do salto alto, com vestido de grife...
Gente usando as doações como campanha política para 2012...
O ego e a vaidade se batendo todo o tempo para mostrar quem manda mais e ficar em evidência para as próximas eleições.
Isso é indecente!
Agora que o fato se deu, mortos e desaparecidos foram contabilizados, a mídia já fez o seu papel, as instituições que fizeram parte da força tarefa vão embora, e ficam apenas os gestores públicos e a população com sua dor... como fica?
Como ficam as famílias que perderam tudo?
Quais terrenos destinados para a construção das casas para uma população que tem esperança de recomeçar a vida com dignidade e em local seguro?
Qual será o planejamento de cidade do futuro?
Se pensará em uma nova forma de desenvovimento urbano de forma sustentável?
Haverá uma política de geração de emprego e renda?
As políticas intersetoriais serão discutidas em favor da população, deixando de lado as vaidades e a ganância do poder?

Pelo que vimos presencialmente em Nova Friburgo esperamos que a sensatez e bom senso prevaleçam em favor das cidades e o povo de toda a Região Serrana do Rio de Janeiro, para que a reconstrução seja de fato um novo modelo de planejamento urbano, visando a justiça social, o desenvolvimento econômico e o respeito a natureza.

Viva 2011 e seus diferentes recomeços!!!

Assim, O Idencente recomeça  2011 (ano regido por Mercúrio, Oxum e o Coelho no horóscopo Chinês) e  poder, de forma modesta, contribuir, junto a outras vozes, para a reconstrução de um tempo melhor para quem está por aqui, por ali e acolá....