terça-feira, 23 de novembro de 2010

Presidente Lula vai dar a primeira entrevista à blogosfera

Amanhã (quarta-feira) o presidente Lula concederá a primeira entrevista “da história deste país” à blogosfera. Solicitada por um grupo de blogueiros progressistas, ela já tem as presenças confirmadas de: Altamiro Borges (Blog do Miro), Altino Machado (Blog do Altino), Cloaca (Cloaca News), Conceição Lemes (Viomundo), Eduardo Guimarães (Cidadania), Leandro Fortes (Brasilia Eu Vi), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador) e Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna). Outros dois blogueiros buscam desmarcar compromissos para se integrar ao grupo.
O evento acontecerá às 9h da manhã, no Palácio do Planalto, e será transmitido ao vivo pelo Blog do Planalto, pelos blogs que participarão do encontro e por todos que tiverem interesse de fazê-lo. Ainda hoje vamos explicar como isso será possível.
Será uma entrevista coletiva, mas também é um momento de celebração da diversidade informativa. Ao abrir sua agenda à blogosfera o presidente demonstra estar atento às transformações que acontecem no espaço midiático e ao mesmo tempo atesta a importância dessa nova esfera pública da comunicação.
 Como as coisas na blogosfera são diferentes e mais colaborativas, não serão só os presentes ao encontro que participarão. A coletiva será aberta ao público que poderá participar enviando perguntas pelo chat. O objetivo é garantir o maior grau possível de interatividade.
Por conta dos senões da agenda presidencial, só agora nos foi confirmado o evento e liberada a divulgação. Por isso temos pouco tempo para nos organizar e produzir a repercussão que a entrevista merece.
 Contamos com vocês nessa tarefa: divulgando, transmitindo em seus blogs e fazendo perguntas pelo chat.
 A blogosfera dá mais um passo importante.
 Um passo “nunca dado na história deste país”.

Fonte: Blog do Rovai

sábado, 20 de novembro de 2010

Rede Globo, CBF e Corinthians tudo a ver!



O árbitro Carlos Eugênio Simon foi mais uma vez “sorteado” para apitar um jogo do Corinthians. Desta vez para a decisiva partida deste Domingo contra o Vitória-BA em Salvador. O Corinthians venceu apenas quatro partidas fora de casa nesse campeonato brasileiro, em três delas o juiz foi Simon. Coincidência? Sim pode ser. Falarei sobre isso mais adiante.

Sobre o jogo de sábado passado, contra o Cruzeiro, adversário direto na luta pelo título, em que o Corinthians venceu com um gol de pênalti aos 43 minutos do segundo tempo da partida, a rede Globo preferiu reduzir sua cobertura ao pênalti polêmico [sic] assinalado a favor do clube paulista. No entanto, houve muito mais polêmica nesse jogo. Os impedimentos inexistentes assinalados contra o Cruzeiro ou ainda os dois lances de pênalti a favor da Raposa, não marcados pelo árbitro da partida, são exemplos disso.

Alguns números do campeonato brasileiro colocam sob suspeita a tese da coincidência e da simples polêmica. Senão vejamos: em relação ao número de pênaltis marcados o Corinthians teve 11 a favor, enquanto seus adversários diretos na luta pelo título, Fluminense e Cruzeiro, somados, tiveram apenas 9, o Tricolor com 4 e a Raposa com 5.

Se analisarmos os pênaltis marcados contra cada um destes três clubes, a situação se inverte: o Corinthians teve 2 pênaltis marcados contra em 35 partidas, enquanto Fluminense e Cruzeiro juntos tiveram 8 pênaltis assinalados contra eles.

Se fôssemos criar um saldo de pênaltis marcados a favor e contra, a situação ficaria da seguinte forma: Corinthians, saldo positivo de 9 pênaltis. Fluminense, saldo positivo de 3 pênaltis e Cruzeiro, saldo negativo de 2 pênaltis.

Esses números demonstram o que mais uma ficou evidenciado no jogo entre Corinthians e Cruzeiro do último sábado: em jogadas onde cabe a interpretação, ou mesmo a imaginação dos árbitros, as decisões sempre têm favorecido o clube paulista. Mas esse raciocínio teria fundamento? Quais seriam os motivos? Quem teria interesse nisso?

Nunca é demais lembrar que Andrés Sanches, presidente do Corinthians, foi o chefe da delegação da seleção brasileira na África do Sul, escolhido pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Sanches foi também o principal apoiador e candidato a vice de Kléber Leite à presidência do Clube dos 13. Leite que também era o candidato de Ricardo Teixeira e da CBF. Simon, Sanches e Teixeira conviveram longo período na África do Sul, uma vez que o árbitro gaúcho foi o juiz brasileiro na Copa.

Com relações tão próximas, não foi de se estranhar que a CBF escolhesse um estádio que sequer existe, que dele se conhece apenas uma maquete, que não tem projeto e nem fonte de financiamento, para ser o palco da abertura da Copa de 2014. A escolha do possível futuro estádio do Corinthians provocou ácidas críticas na imprensa internacional, questionando a seriedade da CBF na organização da Copa do Mundo.

O estado de São Paulo tem um estádio pronto, o Morumbi. Estádio com capacidade de público para receber a abertura da Copa do Mundo, necessitando para isso de reformas, como o Maracanã ou o Mineirão. No entanto, o estádio pertence ao São Paulo Futebol Clube, presidido por Juvenal Juvêncio, desafeto de Teixeira. Sobre os negócios da CBF e Ricardo Teixeira na organização da Copa do Mundo no Brasil, o Lance!net publicou a seguinte matéria: http://www.lancenet.com.br/copa-do-mundo/Ricardo-Teixeira-lucros-COL-Copa_0_373162928.html.

Voltando ao assunto Corinthians, neste ano de 2010 o clube paulista completou 100 anos. Para comemorar o centenário na Avenida Paulista, o time teve uma partida do campeonato brasileiro adiada pela CBF. Será que clubes como Atlético-GO, Ceará ou Avaí receberiam esse pequeno favor?

Todos sabemos que o Corinthians é um clube de massa. Ninguém despreza a força econômica do estado de São Paulo e da torcida corinthiana, que movimenta uma ampla gama de recursos no lucrativo negócio que se tornou o futebol profissional. Transmissões de TV, patrocínios, direitos de imagem, negociações de atletas – que podem ser valorizados através de convocações para a seleção brasileira, que é treinada, coincidentemente, por um ex-técnico do Corinthians, entre outros.

E assim, como em 2005, de polêmica em polêmica, de erro de arbitragem em erro de arbitragem, o Corinthians chega a três rodadas do final do campeonato brasileiro de futebol com muitas chances de conquistar o título no ano do seu centenário. Assista ao vídeo sobre como isso foi possível em http://www.youtube.com/watch?v=hghV3UBxkuA&feature=player_embedded. Rede Globo, CBF e Corinthians tudo a ver!

Brasil República em 7 minutos


Fonte: Comédia MTV

Por que cresce o ódio racial da elite branca

Apesar das negativas da grande imprensa, é inegável que nos últimos anos o Brasil começou a operar uma forte distribuição de renda de um grupo étnico minoritário e privilegiado para outro amplamente majoritário e eternamente prejudicado na divisão da riqueza.
Por estar a serviço do setor privilegiado – pois, em última instância, pertence a ele –, a mídia corporativa meramente canaliza um sentimento de “revolta” de classe e racial desses setores da sociedade que, até há pouco, vinham ganhando a luta de classes – que alguns tentam apresentar como anomalia ou desejo de grupos políticos, mas que, em um país tão injusto, é mera conseqüência de sua realidade social.
Estudo recente, pois, explica o ódio da elite branca contra um governo que desencadeou esse necessário processo redistribuidor de renda em prol da maioria étnica brasileira que sempre ostentou condições de vida infinitamente piores do que as de uma casta branca e descendente de europeus.
Data Popular é uma instituição que, segundo diz sua mensagem institucional, dedica-se a produzir “Conhecimento de qualidade sobre o mercado popular no Brasil”. Ao entrar no site, a mensagem institucional inicial esclarece a que ele se dedica:
Bem-vindo ao mundo do carnê, do consórcio, do SPC.
Bem-vindo ao mundo do metrô, do buzão, da lotação, da CBTU, do seminovo zerado.
Bem-vindo ao mundo do vale-refeição, do PF e da marmita.
Bem-vindo ao mundo do supletivo, da escola de cabeleireiro e do curso de computação.
Bem-vindo ao mundo do celular pré-pago, da megasena.
Bem-vindo ao mundo do trabalho informal, da pensão do INSS, do despertador pras 5,
da mobilidade social.

Bem-vindo ao mundo do Ratinho, Raul Gil, Bruno & Marrone, Banda Calypso, Calcinha Preta, MC Leozinho e da Rádio Tupi.
Bem-vindo ao mundo do supermercado com a família, da cervejinha gelada, da macarronada com frango, do financiamento da Caixa.
Bem-vindo ao mundo surpreendente da economia da base da pirâmide.
O trabalho mais recente do Data Popular, concluído nesta semana, busca prover com dados científicos o crescente interesse de grandes empresas por esse segmento em ascensão social, segmento no qual os negros sobressaem.
A renda da população negra no país atingiu R$ 544 bilhões. Segundo estudos recentes, desde 2007 a renda média per capita do negro cresceu 38% – o dobro da renda média do branco, que teve alta de 19% no mesmo período.
A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), feita pelo IBGE, deixa ver claramente como durante o governo Lula essa parcela amplamente majoritária – e “afrodescendente” – da população brasileira começou a ser resgatada da injustiça social em que foi mantida durante o século XX.

Segundo Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto de pesquisa Data Popular, o “enriquecimento” dos negros é resultado do aumento da renda da população da base da pirâmide de renda do país: “tem mais negros nas classes C e D, que teve aumento maior de renda que nas classes A e B [no período analisado]”.
Esse estudo não precisaria ter sido feito para que os beneficiados pelo processo redistribuidor  de renda percebessem-no.  Quem está comprando mais bens de consumo durável, vestuário, alimentos, ou que está chegando a universidades na condição de primeiro universitário da família, bem sabe o que lhe está acontecendo – e inclusive votou para manter esse processo.
Além de subsidiar empresas interessadas no mercado de consumo de massas que o governo do PT fez surgir, o estudo serve para finalmente calar os que tentam atribuir tal processo a governos que trataram de impedi-lo ou àqueles que tentam negar que tal processo esteja ocorrendo.

Fonte: Blog da Cidadania

Os Mulheres Negras - Eu vi

Linhagem - Música: Jorge Ben - Zumbi

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

18 de Novembro, tal dia como o de hoje

Novembro 18, 2010 por Fundação José Saramago
Tal dia como o de hoje nasceu José Saramago segundo o registo civil. Mas já sabemos que as actas oficiais também podem distorcer a realidade, porque a verdade verdadeira é que José Saramago nasceu no dia 16 de Novembro. De qualquer forma, temos duas datas para festejar o nascimento de um imprescindível do nosso tempo. Hoje, para além disso, cumprem-se cinco meses sobre a morte de José Saramago. Recordaremos a sua vida celebrando-a e agradecendo a sua contribuição para a literatura, para o pensamento e para o processo de humanização que devemos seguir para ser verdadeiramente humanos, o que quer dizer, para não aceitar a pobreza, o sofrimento e a ignorância a que milhares de milhões de pessoas estão submetidas neste momento. Um mundo habitado por seres autenticamente humanos não permitiria esse atropelo. A Fundação José Saramago tenta seguir esses passos e partilha com os leitores que se expressaram nestes dias, amigos de alma, um abraço solidário. Que oxalá seja fecundo.
Pilar del Río
*
Nasci numa família de camponeses sem terra, em Azinhaga, uma pequena povoação situada na província do Ribatejo, na margem direita do rio Almonda, a uns cem quilómetros a nordeste de Lisboa. Meus pais chamavam-se José de Sousa e Maria da Piedade. José de Sousa teria sido também o meu nome se o funcionário do Registo Civil, por sua própria iniciativa, não lhe tivesse acrescentado a alcunha por que a família de meu pai era conhecida na aldeia: Saramago. (Cabe esclarecer que saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam como alimento na cozinha dos pobres). Só aos sete anos, quando tive de apresentar na escola primária um documento de identificação, é que se veio a saber que o meu nome completo era José de Sousa Saramago…
Fui bom aluno na escola primária: na segunda classe já escrevia sem erros de ortografia, e a terceira e quarta classes foram feitas em um só ano. Transitei depois para o liceu, onde permaneci dois anos, com notas excelentes no primeiro, bastante menos boas no segundo, mas estimado por colegas e professores, ao ponto de ser eleito (tinha então 12 anos…) tesoureiro da associação académica… Entretanto, meus pais haviam chegado à conclusão de que, por falta de meios, não poderiam continuar a manter-me no liceu. A única alternativa que se apresentava seria entrar para uma escola de ensino profissional, e assim se fez: durante cinco anos aprendi o ofício de serralheiro mecânico.
Mais tarde, a Biblioteca Municipal das Galveias foi a minha Universidade.
José Saramago

fjs

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Folha de São Paulo terá acesso aos processos de Dilma na DITADURA MILITAR: Tribunal autoriza abertura de arquivos

O Superior Tribunal Militar (STM) aprovou ontem, 16 de novembro, o recurso do jornal Folha de São Paulo para ter acesso aos documentos do período em que Dilma esteve presa.
Vasculhar a vida de Dilma e ser publicado no jornaleco será um ótimo negócio para eles, não?
Imagine... Os assuntos virão em capítulos para que os leitores torçam em chegar o dia seguinte e saberem mais sobre a guerrilheira, ladra, safada, vadia... (sintam o veneno escorrendo).
Um dia será publicado sobre a guerrilheira que matou e esfolou 30, outro dia estará que Dilma não tinha compaixão, pois era a mentora da guerrilha urbana, assaltava bancos, colocava fogo em repartições públicas e tirava pirulito da boca das criancinhas à mão armada. Tudo isso com requinte de detalhes e letras garrafais estampadas na primeira página.
Eles imaginam o quanto irão vender de jornal tendo argumentos contra a Presidente Dilma e assim, utilizá-los durante os próximos 4 anos. Eles imaginam que tendo embasamento documental, mesmo que seja de uma fonte deturpada, estarão cobertos de razão ao usarem adjetivos que remetam Dilma para este período nebuloso.
A advogada da Folha, Tais Gasparian, disse: “Foi uma vitória da sociedade, mais que uma vitória da Folha de São Paulo. Esses documentos históricos jamais poderiam ser subtraídos. É lamentável que o pedido tenha sido deferido pós eleições
É claro que a sociedade precisa saber sobre este período sujo e vergonhoso da história. Precisamos saber com precisão quantos homens e mulheres morreram na ditadura militar. Precisamos saber onde, quando, como e por quem tantas pessoas que lutaram pela liberdade neste país foram sacrificadas.
Lamentável é que este jornaleco quisesse se valer da referida documentação antes das eleições, com a intenção de mudar o rumo da história, como toda a sua pretensão de escudeiro da moral e dos bons costumes. Adoraria saber da documentação do Serra que também se diz vítima da ditadura...
Podemos lembrar que a Folha financiou e participou diretamente da conspiração golpista para derrubar o João Goulart, e que suas manchetes raivosas traziam a tona o “perigo comunista”, invocando a intervenção militar a fim de impedir o caos.
Podemos lembrar que este jornal tinha parceria com o regime militar, tanto é fato, que emprestava seus veículos ao DOI-CODI para transportarem pessoas até a OBAN (Operação Bandeirantes) para serem torturadas.
Será uma vitória da sociedade, Sª Taís, quando tivermos em mãos os arquivos do DOI-CODI para termos conhecimento, por exemplo, que o presidente do Grupo Folha era um dos financiadores da OBAN, o que quer dizer, financiador da tortura e da morte.
Será sim, uma vitória do povo brasileiro quando forem abertos todos os arquivos de todas as vítimas, e soubermos onde estão os corpos dos que foram mortos, e assim, entregarmos as suas famílias. Será uma vitória da sociedade quando os nomes de todos os assassinos e seus financiadores estiverem nos livros didáticos, para que as futuras gerações saibam quem foram aqueles que defenderam a ditadura militar neste país.
Queremos ter conhecimento do passado nefasto do Grupo Folha e seu envolvimento com a ditadura militar e assim, de vez por todas, sabermos que a “ditabranda” (terminologia utilizada num editorial da Folha no dia 17 de fevereiro para se referir ao regime militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985) não é para ser esquecida e que de fato, possamos identificar os responsáveis pelos crimes da repressão política.
Queremos verdade e justiça!
ABAIXO A DITABRANDA !!!!

O escândalo da "ditabranda"

Política para as Mulheres e Mulheres na Política


Em entrevista à CartaCapital a cientista social Tatau Godinho faz uma análise da situação da mulher na política, fala sobre desigualdade de gêneros e da postura da oposição diante de uma mulher na presidência
Desde o início da campanha eleitoral Dilma Rousseff gerou uma expectativa entre as mulheres brasileiras em relação à questão feminina na política. Passado o segundo turno e conhecido o resultado, o Brasil ganha uma mulher como presidente, a primeira da história, eleita com 56% dos votos válidos contra 44% para o oponente José Serra.
Para fazer uma análise dos ganhos da população feminina com a eleição de Dilma à presidência, o site de CartaCapital entrevistou a cientista social dedicada à temática do feminismo e política, Tatau Godinho. Ela acredita que “as questões relacionadas aos direitos das mulheres vão ser colocadas na agenda política de forma muito mais cotidiana”. Mas isso também depende de uma presença mais forte do movimento de mulheres para que sejam feitas mudanças no sentido progressista. E avisa: “o campo da oposição provavelmente se apoiará em uma agenda conservadora em relação aos direitos das mulheres, como já ocorreu nas eleições.”
A Paula Thomaz
CartaCapital: Como você vê a situação da mulher hoje na política em termos de participação e de políticas voltadas ao gênero feminino?
Tatau Godinho
: A presença das mulheres na política tem aumentado nos últimos anos. Em termos de políticas públicas, questões específicas voltadas à saúde das mulheres, o combate à violência e mesmo uma ampliação nos horizontes profissionais têm sido alvo de atenção dos governantes. Mas uma alteração mais profunda nas desigualdades entre homens e mulheres ainda está por vir.
Quanto à participação, no entanto, os espaços da política mais institucionalizados ainda são um gueto masculino. Fala-se muito na necessidade da presença das mulheres, mas o fato é que direções dos partidos, no parlamento, nos cargos executivos e de direção, as mulheres ainda aparecem como uma exceção.
E isso reflete uma realidade presente em, praticamente, todas as outras áreas da sociedade. O comando das empresas, as direções dos jornais, de outros meios de comunicação, por exemplo, ainda são lugares onde a presença das mulheres é quase simbólica.
CartaCapital: Existem mais mulheres que homens no Brasil, a mulher é responsável, em muitos casos, pela educação dos filhos, tem contribuição efetiva na sociedade, tem um dia internacional dedicado a ela. Por que quando se trata de política tudo isso parece se reduzir?
TG
: A ampliação da presença das mulheres no mundo público, isto é, fora do âmbito da família, continua totalmente vinculada a uma sobrecarga colocada sobre elas em relação ao cotidiano, à vida familiar, ao cuidado com as pessoas. As mulheres assumem novas tarefas, mas muito pouco se alterou nas relações de poder. E a política é o espaço concentrado das dinâmicas de poder na sociedade. É ali que são definidos boa parte dos grandes grupos de interesses, dos destinos dos países. Obviamente, as disputas políticas não ocorrem apenas nos espaços tradicionais ou institucionais. Mas é um sintoma da fragilidade da democracia a exclusão tão recorrente das mulheres.

CartaCapital: Quais os avanços poderão ser conquistados pelas mulheres, na política, com a eleição de Dilma Rousseff à presidência da República?TG: Sem dúvida uma mulher na Presidência da República já representa, de saída, uma quebra de barreiras. O principal cargo político do país é uma referência necessária para os debates, as articulações políticas, para as mais diversas áreas em torno das quais a sociedade se mobiliza. Tem uma influência importante, também, no imaginário social em relação às mulheres. Mas as mudanças mais concretas, em termos de políticas, dependem da insistência que a presidenta tiver em fortalecer uma agenda voltada para a igualdade. As questões relacionadas aos direitos das mulheres vão ser colocadas na agenda política de forma muito mais cotidiana. E é muito importante uma presença mais forte do movimento de mulheres para que isso seja feito em um sentido progressista. O campo de oposição, provavelmente, se apoiará também em uma agenda conservadora em relação aos direitos das mulheres, como já ocorreu nas eleições. Por isso, para garantir um avanço, acredito que seja necessário que a sociedade se mobilize no sentido de possibilitar um efetivo avanço de direitos. Dilma Rousseff tem um histórico de atuação rompendo espaços em áreas muito fechadas às mulheres e, acredito, que isso dará a ela uma boa experiência de como lidar em um ambiente adverso.
CartaCapital: O que muda na bancada feminina no Congresso com a eleição de Dilma?
TG:
As deputadas e senadoras têm uma oportunidade inédita de fortalecer sua voz no Congresso. Mas é preciso se apoderar dos sinais indicados pela futura presidenta, de que valoriza o aumento da participação política das mulheres, e consolidar novas lideranças nas disputas concretas que compõem o dia a dia do Congresso. Esse é um momento privilegiado para que as parlamentares mulheres reforcem sua presença e, mais especialmente, para que a bancada feminina apareça como uma forte articuladora de reivindicações de políticas que incidam sobre a desigualdade entre mulheres e homens. Para isso é necessário que a atuação se paute por uma plataforma ampla, que não fique apenas em temas de menor incidência, ou nas áreas que são consideradas tradicionalmente mais receptivas à participação das mulheres. Há questões fundamentais em relação ao mundo do trabalho, no âmbito da política econômica e de desenvolvimento, da previdência, ou a reforma política e partidária, como mencionado anteriormente, que são muito importantes. Isso vai depender da atuação das parlamentares comprometidas com essa agenda. Ampliar o número de mulheres é muito importante, mas mudanças reais para as mulheres só ocorrerão se isso se combina com uma agenda de propostas e reivindicações para alterar as condições de desigualdade e discriminação vividas pelas mulheres.

CartaCapital: Em reunião de transição dos ministérios na segunda-feira 8, Dilma anunciou que quer mais mulheres no primeiro escalão do governo. O que achou dessa atitude da presidente?
TG:
É muito positivo que Dilma tenha acenado, logo de início, com a importância de ter uma presença maior das mulheres em cargos chaves do governo. Com certeza os partidos vão resistir. Afinal, dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Nem na física nem na política. E a concentração masculina nas redes de direção é brutal. Não são apenas os dirigentes partidários. Isso inclui os quadros do parlamento, das direções sindicais, das universidades ou outras entidades da sociedade. A insistência da presidenta em compor um governo com maior presença de mulheres obrigará os partidos, e toda a sociedade, a discutir a questão.

Em outros países, houve um processo semelhante. Como na Espanha, por exemplo. E isso cria, de fato, possibilidades de mudanças.
CartaCapital: Falando de gênero, para você as mulheres são iguais aos homens, têm necessidades específicas ou lhes faltam alguns privilégios concedidos aos homens?TG: Quando se fala em igualdade entre mulheres e homens, o sentido é a igualdade social e política. É evidente que na sociedade os homens têm imensos privilégios em todos os âmbitos: renda mais alta, acesso a melhores postos e empregos, mais tempo de lazer, dominam os espaços de poder político e econômico na sociedade. E isso se articula com todas as vantagens que têm no campo da vida pessoal e familiar, em relação ao cuidado com os filhos, ao trabalho doméstico, e nas questões ligadas à sexualidade. É isso que é preciso mudar. Há um pensamento conservador que atribui às mulheres um papel centrado na maternidade e na família. Isso é cultivado. É um mecanismo que justifica a falta de responsabilização masculina. Assim os homens ficam livres para o poder, enquanto as mulheres cuidam da sobrevivência. É essa a divisão que precisa ser superada na sociedade. Naturalizar o papel das mulheres na família, na maternidade, nas funções do cuidado é negar às mulheres a posição de igualdade e racionalidade e, em última instância, deixar as funções de direção e poder efetivos da sociedade, a elaboração da cultura e da ciência para os homens.
CartaCapital: Chegaremos a um dia em que a desigualdade de gêneros será superada?
TG:
Eu acredito que sim. Para uma superação efetiva das desigualdades é preciso uma mudança mais geral. A sociedade capitalista absorve e rearticula as relações de dominação compondo uma dinâmica de desigualdade que favorece a exploração, a concentração de renda, a manutenção de padrões de opressão em diversos níveis. A superação da desigualdade de gêneros é uma perspectiva libertária, de uma sociedade livre com seres humanos vivendo em plenitude suas capacidades. E isso exige a mudança do modelo de sociedade atual, em que as desigualdades são parte da organização necessária das relações sociais. Mas isso não significa jogar as reivindicações para um futuro distante e abstrato. É preciso investir para que as mudanças sejam implantadas desde agora. Toda mudança é um processo político e social que envolve também conflitos. E nós não podemos deixar de enfrenta-los.

CartaCapital:Qual tem sido a importância da Secretaria de Políticas para Mulheres desde a sua criação?
TG
: A criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres foi uma iniciativa muito importante do governo. Ela buscou construir uma agenda para todo o governo. Em algumas questões, como a proposta de implantar uma política de combate à violência sexista, os avanços são mais claros. Em outras áreas, ainda há muito o que fazer. Os esforços da SPM em coordenar um plano geral de políticas para as mulheres são significativos e as dificuldades são muito grandes. É necessário uma consolidação maior dessa política no próximo governo.

CartaCapital: Como você acredita que a sociedade brasileira enxerga a falta do primeiro cavalheiro ao lado de Dilma?
TG
: Essa é uma discussão que demonstra o grau de conservadorismo na sociedade. Afinal, a discussão só existe porque os espaços de poder são considerados lugares para os homens e não para as mulheres. O cargo de primeira-dama é a pior simbologia do atraso em relação às mulheres: significa que o lugar para elas é de esposa, e não de dirigente. É a reafirmação de que para as mulheres o espaço legítimo é o mundo privado e não a esfera pública, como é o caso da política. Além do mais, isso ainda se combina com o clientelismo que enxerga a política de assistência social como caridade e não como direito!

Chama a atenção o quanto mesmo os setores pretensamente mais modernos da sociedade reforçam esse papel e esse lugar para as mulheres. E, inclusive, criticam as mulheres que se recusam a aceitar esse papel. Que, sendo mais informal, é tudo de atrasado, de medíocre e de “brega”.
Uma mulher na presidência tem, além de tudo o mais, a vantagem de nos livrar dessa discussão.
CartaCapital: Chamar Dilma de presidente ou presidenta faz diferença?
TG: É uma questão simbólica. Não é decisiva mas possibilita marcar o significado da eleição de uma mulher para a presidência. E forçar um pouquinho a Língua Portuguesa a se adaptar a um mundo de homens e mulheres também nos cargos, carreiras e funções antes ocupados apenas por homens.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Marcelo Adnet ironiza eleitores elitistas no Comédia MTV

Alckmin contempla a herança maldita do Serra



Traz o Estadão suculenta reportagem na pág. A14 um inventário da herança maldita que o Serra despejou no colo de seu adversário Geraldo Alckmin.

“Altos e baixos de uma transição de aliados – Depois de uma campanha amistosa (? – PHA), a passagem de governo de Serra para Alckmin traz de volta divergências entre tucano”.

O buzilis da reportagem é, de fato, a herança maldita.

Serra aumentou o gasto de custeio na Saúde para fazer vitrine eleitoral.

O déficit será de R$ 900 milhões.

(O Alckmin precisa desesperadamente de uma CPMF.)

O processo de concessão do Robanel dos Tunganos do Serra tem mais crateras que a Linha 4 do metrô.

Alckmin vai fechar a Secretaria de Comunicação, que só existia para alavancar a candidatura nati-morta do Serra à Presidência – o Vesgo sempre teve mais chance do que ele.

Alckmin vai acabar com a Secretaria do Ensino Superior que, aparentemente, o Serra criou para vender a USP ao DiGenio.

Serra deixou para o Alckmin esqueletos do tamanho da gengiva dele: a renegociação da divida do Estado.

E concessões na área de Transportes.

Durante a campanha, a Dilma avisou que o Serra ia acabar com o Bolsa Família, mesmo que dissesse que ia dar o 14º. Salário ao Bolsa.

Dilma dava exemplo de projetos do Alckmin que o Serra sepultou.

Pois, segundo o insuspeito Estadão, o Alckmin vai des-sepultar a “Escola da Família” e o “Bom Prato”, que o Serra fechou para não valorizar o “amigo” Alckmin.

A equipe de Alckmin é formada de assessores que lhe foram fiéis “no auge do seu isolamento”, diz o Estadão.

Ou seja, quando Serra apoiou o Kassab para prefeito de São Paulo e mandou Alckmin às favas.

Na solenidade de posse como governador, diante de Alckmin, Serra anunciou que ia fazer uma devassa nas contas do Alckmin.

Agora, lembra o Estadão, Alckmin poderia dizer do Serra o que Claudio Lembo disse ao receber o governo do Alckmin: “Me ofereceram uma Maserati e eu levei um Fusca 1966”.


Paulo Henrique Amorim

Portal da transição

No dia 22, segunda-feira, entra no ar na internet, no Portal Brasil do governo federal, uma página dedicada à transição.

O projeto está sendo desenvolvido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em parceria com a equipe de Dilma Rousseff.

O portal cobrirá os atos e notícias da transição, e trará as biografias da equipe de Dilma.

É uma boa medida para evitar especulações, intrigas e invenções da imprensa


Fonte: Blog Amigos do Presidente Lula

Colônia, Monarquia, República: pactos de elite na história brasileira


Tivemos a proclamação da República mais de seis décadas depois da independência, porque esta nos levou de Colônia à Monarquia pelas mãos do monarca português, que ainda nos ofendeu, com as palavras – que repetíamos burocraticamente na escola- “antes que algum aventureiro o faça”. Aventureiros éramos nós, algum outro Tiradentes, ou algum Bolívar, Artigas, Sucre, San Martin O´Higgins, que lideraram revoluções de independência nos seus países, expulsando os colonizadores em processos articulados dos países da região.

Foi o primeiro pacto de elite da nossa história, em que as elites mudam a forma da dominação, para imprimir continuidade a ela, sob outra forma política. Neste caso, impôs-se a monarquia. Tivemos dois monarcas descendentes da família imperial portuguesa, ao invés da República, construindo estados nacionais independentes, expulsando os colonizadores ao invés do “jeitinho” da conciliação.

Como sempre acontece com os pactos de elite, o povo é quem paga o seu preço. Enquanto nos outros países do continente, as guerras de independência terminaram imediatamente com a escravidão, esta se prolongou no Brasil, fazendo com que fossemos o último país a terminar com ela, prolongando-a por várias décadas mais. Nesse intervalo de tempo foi proclamada a Lei de Terras, de 1850, que legalizou – mediante a grilagem, aquela falcatrua em que o documento forjado é deixado na gaveta e o cocô do grilo faz parecer um documento antigo – todas as terras nas mãos dos latifundiários. Assim, quando finalmente terminou a escravidão, não havia terras para os escravos, que se tornaram livres, mas pobres, submetidos à exploração dos donos fajutos das terras.

Dessa forma, a questão colonial se articulou com a questão racial e com a questão agrária. Esse pacto de elite responde pelo prolongado poder do latifúndio e pela discriminação contra a primeira geração de trabalhadores no Brasil, os negros que, trazidos à força da África vieram para produzir riquezas para a nobreza européia como classe inferior. Desqualificava-se ao mesmo tempo o negro e o trabalho.

A República foi proclamada como um golpe militar, que a população assistiu “bestializada”, segundo um cronista da época, sem entender do que se tratava – o segundo grande pacto de elite, que marginalizou o povo das grandes transformações históricas.

Fonte: Blog do Emir

Como cultivar a exclusão social em São Paulo

Daqui a uma geração, quando estudarem a arquitetura de nossa época, além dos prédios em forma de melancia e dos espigões de aço e vidro azul, outra coisa, menos bonita por certo, chamará a atenção. Temos gasto muito tempo e inventividade para criar formas de excluir do convívio da cidade aqueles para os quais nunca abrimos as portas dos direitos econômicos – e isso não passará despercebido.
Reuni alguns desses métodos informais em forma de manual. Apesar de não estarem publicados e não seguirem padrões da ABNT, existem e fazem vítimas diariamente, ainda mais em noites frias e chuvosas como essas pelas quais estamos passando. Registrar isso serve para lembrar o quanto somos ridículos e ajudar o pessoal que vai nos julgar amanhã. Espero que não tenham dó ou piedade.
1) Áreas cobertas em viadutos, pontes, túneis ou quaisquer locais públicos que possam receber casas imaginárias do povo de rua devem ser preenchidas com concreto. A face superiora não deve ficar paralela à rua, mas com inclinação suficiente para que um corpo sem-teto nela estendido e prostrado de cansaço e sono role feito um pacote de carne velha até o chão.
1.1) Outra opção, caso seja impossível uma inclinação acentuada, é o uso de floreiras, cacos de vidro ou lanças de metal. É menos discreto, mas tem o mesmo resultado.

2) Prédios novos devem ser construídos sem marquises para impossibilitar o acúmulo de sem-teto em noites chuvosas.
2.1) Caso seja impossível por determinações estéticas do arquiteto, a alternativa é murar o edifício ou cercá-lo. A colocação de seguranças armados é outra possibilidade, caso haja recursos para tanto.
2.2) Em caso de prédios mais antigos, uma saída encontrada por um edifício na região central de São Paulo e que pode ser tomada como modelo é a colocação de uma mangueira furada no texto, emulando a função de sprinklers. Acionada de tempos em tempos, expulsa desocupados e usuários de drogas. Além disso, como deixa o chão da calçada constatemente molhado, espanta também possíveis moradores de rua que queiram tirar uma soneca por lá.

3) Bancos de praça devem receber estruturas que os separem em três assentos independentes. Apesar disso impossibilitar a vida de casais apaixonados ou de reencontros de amigos distantes, fará com que sem-teto não durmam nesses aparelhos públicos.
4) Em regiões com alta incidência de seres indesejáveis, recomenda-se o avanço de grades e muros para além do limite registrado na prefeitura, diminuindo ao máximo o tamanho da calçada. Como é uma questão de segurança, o fiscal pode “se fazer entender” da importância de manter a estrutura como está.
5) Cloro deve ser lançado nos locais de permanência de sem-teto, principalmente nas noites frias, para garantir que eles não façam suas necessidades básicas no local. Caso não seja suficiente, talvez seja necessária a utilização de produtos químicos mais fortes vendidos em lojas do ramo, como vem fazendo algumas lojas no Centro da cidade. A sugestão é o uso de um aspersor conforme o item 2.2, mas instalado no chão.
Já que não se encontra solução para um problema, encobre-se. É mais fácil que implantar políticas de moradia eficazes – como uma reforma urbana que pegue as centenas de milhares de imóveis fechados para especulação e destine a quem não tem nada. Ou repensar a política pública para usuários de drogas, hoje baseada em um tripé de punição, preconceito e exclusão e, portanto, ineficaz. Muitos vêem os dependentes químicos como lixo da sociedade e estorvo ao invés de entender que lá há um problema de saúde pública. As obras que estão revitalizando (sic) a região chamada de Cracolândia, têm expulsado os moradores da região – para outros locais, como a Barra Funda e Santa Cecília. Contanto que fiquem longe dos concertos da Sala São Paulo, do acervo do Museu da Língua Portuguesa e das exposições Estação Pinacoteca uó-te-mo.
Melhor tirar da vista do que aceitar que, se há pessoas que querem viver no espaço público por algum motivo, elas têm direito a isso. A cidade também é deles, por mais que doa ao senso estético ou moral de alguém. Ou crie pânico para quem acha que isso é uma afronta à segurança pública e aos bons costumes. Em vez disso, são enxotados ou mortos a pauladas (sem que ninguém nunca seja punido por isso) para limpar a urbe para os cidadãos de bem.
PS: Recado à turma que entalou um “tá com dó leva para casa” na garganta: cresçam.

Fonte: Blog do Sakamoto


Papa pede que bispos brasileiros orientem Luxemburgo



VATICANO – O papa Bento 16 reuniu bispos brasileiros no Vaticano e cobrou mais empenho na emissão de “juízos de valor sobre os temas que afligem os brasileiros”. Segundo o Osservatore Romano, Bento 16 citou o novo namorado de Suzana Vieira, os penteados de Miriam Leitão, a polêmica participação do Sérgio Mallando em A Fazenda e o novo filme de Arnaldo Jabor como casos sobre os quais “era obrigação da Igreja guiar o rebanho”.

No final do encontro, o papa pediu aos bispos que orientem Wanderley Luxemburgo no comando do Flamengo. “Irmãos, não podemos deixar que o Mengão afunde no purgatório da Segunda Divisão. O esquema tático está todo errado. Os meias têm de avançar mais, pô! Aliás, onde anda o Pet? Por que o Val Baiano está no banco?”, indagou, atônito, o sumo pontífice.

Bento 16 também perguntou aos prelados “a quantas anda” a beatificação de Dona Canô. “Caetano me ligou ontem perguntando”, explicou.

Via The i-Piauí Herald, dica do Limpinho e Cheiroso

domingo, 14 de novembro de 2010

Gênero II: cantada feminina


MTV

EX-TUCANO QUER SER O MINISTRO DA FALCATRUA

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O nome dele é Gabriel Benedito Isaac Chalita. Sob sua gestão como Secretário da Educação em São Paulo, mais de R$ 13 milhões foram para o “ar”, disfarçados de antenas parabólicas, entre outras trambicagens
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O sempre tucano Gabriel Chalita, atualmente homiziado nas hostes do PSB, teve seu nome plantado pelo Estadão para ser o ministro da Educação no governo de Dilma Rousseff. Segundo a fuxiquenta nota publicada pela centenária e mafiosa gazeta, Chalita “é considerado um gestor agregador e mobilizador das redes de ensino” e alguém que “deverá promover mudanças significativas no Enem”. O que os zelosos jornalistas ribeirinhos da corporação mafiomidiática não contaram é que o elemento tem uma vistosa ficha corrida em matéria de transações tenebrosas.
O caso mais indecoroso – devidamente reportado no site Transparência Brasil – é o dos contratos assinados por ele, em 2006, para fornecimento de antenas parabólicas para implementação do projeto Canal do Saber – uma das muitas maracutaias tucanas na Educação paulista. Trata-se de uma trama rocambólica, desenrolada magistralmente pelo blog NaMaria News, em 7 de abril deste ano. Respire fundo e clique aqui para conhecer todos os detalhes da tramóia.
Se apenas uma mutreta não for suficiente para deslindar a natureza brejeira do candidato a ministro, experimente esta outra, em que ele “conseguiu” na faixa uma fazenda de 87 hectares do governo de São Paulo para a rede católica Canção Nova, potentado carola – do qual Chalita é prócer – que promove “a evangelização através dos meios de comunicação", e que já conta com editora, rádio e televisão próprias.
 
Fonte: Cloaca News

Genero I

sábado, 13 de novembro de 2010

Quem quer dinheiroooooooo???? Carta ao Silvio Santos

Eu não posso imaginar os domingos sem Silvio Santos! Eu não posso perder as minhas referências culturais sem o Silvio Santos aos domingos! (porque eu tenho um em casa que não tem sobrenome Santos)
Mas continuando...
Não! Não! Em lágrimas imploro... Consiga os 2,5 bilhões sem precisar vender o SBT para o Eike Batista... Por favor, Silvio!!!!
Vamos pensar numa forma de conseguir a grana sem ter de cometer essa loucura. O cara tem muito dinheiro, mas com certeza não fará aviõezinhos de dinheiro para jogar para platéia e muito menos as brincadeiras de auditório.
Poxa... Tinha o Show de Calouros, Domingo no Parque, Boa Noite Cinderela e Qual é a Música, os programas de auditório que marcaram a minha infância e adolescência.  Pode parar! Vamos pensar num jeito de fazer o dinheiro agora ir pra você! E o Baú Silvio, ficou vazio não foi? Hummmm....
Quando era criança ficava imaginando de onde vinha o dinheiro que não acabava mais. Era tantos os prêmios distribuídos, que o meu imaginário infantil achava que você era o Papai Noel do ano todo! Caramba Silvio, querer parar para se aposentar é uma coisa, mas parar porque vai vender e saldar uma dívida é outra completamente diferente. O mito do Papai Noel acaba de vez sabia?
Mas podemos pensar em algumas formas de levantar o dinheiro:
1-     Todos os brasileiros comprarem a Tele-Sena;
2-     Você poderia abrir uma igreja e durante os cultos pedir dízimos para os fiéis. Com certeza, sua igreja ficará repleta e em muito pouco tempo poderá reverter a situação difícil. O Silas Malafaia poderá te dar uma força, pois ele parece ser uma pessoa prestativa e como também é da mídia, não vejo problema solicitar sua ajuda. Avalio ser a pessoa perfeita para isso, embora ele não tenha nenhuma semelhança com você, porque seu forte não é dar e sim receber dinheiro;
3-     Podemos também lançar um programa no SBT, enquanto ela é sua emissora, para arrecadarmos fundos com o nome “Silvio Santos Esperança”, e assim, através de telefonemas, o povo brasileiro poderia fazer suas doações.

Espero tê-lo ajudado com as minhas sugestões, porque acredito na musiquinha que você cantava para chamar os jurados no programa de calouros: O SILVIO SANTOS É COISA NOSSA!


Silvio Santos vem aí???? E a culpa é do Lula...

Como se sabe, o SBT não é uma rede de televisão.

O Boni costumava dizer que o SBT não tinha nem grade de programação.

Mas, sim, um conjunto de programas que não formavam um conjunto coerente e, portanto, comercializável.

O SBT não é uma rede, porque seu objetivo não é ganhar dinheiro como rede de televisão.

Mas, sim, ser um instrumento de venda dos produtos do grupo empresarial do Silvio.

O Silvio na TV vendia o Silvio fora da TV.

E o Silvio fora da TV era o maior anunciante da TV do Silvio.

Os produtos do Silvio fora da TV eram uma forma rudimentar de financiar a compra de bens duráveis.

O que funcionou enquanto havia inflação e faltava renda.

Quando a inflação acabou e o Governo Lula botou dinheiro no bolso da Classe “D” e a Classe “D” passou à Classe “C”.

E quando botou dinheiro no bolso da Classe “E” e uma parte da Classe “E” foi para a Classe “D”, o modelo de negócios do Silvio foi para o beleléu.

Além disso, houve o impressionante fenômeno da banqueirização.

Ou seja, com carteira assinada, as Classes “D” e “C” abriram conta em banco, passaram a ter cartão de crédito, começaram a se endividar e comprar bens duráveis com juros e condições mais razoáveis do que ofereciam os produtos do Silvio.

Para simplificar, o Lula quebrou o Silvio.

Sem querer, é claro.

Quem quebrou o Silvio foi o Silvio, que enchia o auditório de Classe “C” e Classe “D” e não percebeu que elas tinham mudado.


Paulo Henrique Amorim

A defesa de Mayara e a carta da leitora

Em defesa da estudante Mayara
por JANAINA CONCEIÇÃO PASCHOAL*, na Folha

Não parece justo que Mayara seja demonizada como paulista racista, quando o mote da campanha eleitoral foi o da oposição entre as regiões
Sou neta de nordestinos, que vieram para São Paulo e trabalharam muito para que, hoje, eu e outros familiares da mesma geração sejamos profissionais felizes com sua vida neste grande Estado brasileiro.
É muito triste ler a frase da estudante de direito Mayara Petruso, supostamente convocando paulistas a afogar nordestinos.
Também é bastante triste constatar a reação de alguns nordestinos, que generalizam a frase de Mayara a todos os paulistas.
Igualmente triste a rejeição sofrida pelo candidato da oposição à Presidência da República, muito em função de ele ser paulista. Todos ouvimos manifestações no sentido de que, tivesse sido Aécio Neves o candidato, Dilma teria tido mais trabalho para se eleger.
Independentemente da tristeza que as manifestações ofensivas suscitam, e mais do que tentar verificar se a frase da jovem se “enquadraria” em qualquer crime, parece ser urgente denunciar que Mayara é um resultado da política separatista há anos incentivada pelo governo federal.
É o nosso presidente quem faz questão de separar o Brasil em Norte e Sul. É ele quem faz questão de cindir o povo brasileiro em pobres e ricos. Infelizmente, é o líder máximo da nação que continua utilizando o factoide elite, devendo-se destacar que faz parte da estigmatizada elite apenas quem está contra o governo.
Ultrapassado o processo eleitoral, que, infelizmente, aceitou todo tipo de promessas, muitas das quais, pelo que já se anuncia, não serão cumpridas, é hora de chamar o Brasil para uma reflexão.
Talvez o caso Mayara seja o catalisador para tanto.

O Brasil sempre foi exemplo de união. Apesar das dimensões continentais, falamos a mesma língua.
Por mais popular que seja um líder político, não é possível permitir que essa união, que a União, seja maculada sob o pretexto de se criarem falsos inimigos, falsas elites, pretensos descontentes com as benesses conferidas aos pobres e aos necessitados.
São Paulo, é fato, é fonte de grande parte dos benefícios distribuídos no restante do país. São Paulo, é fato, revela-se o Estado mais nordestino da Federação.
Nós, brasileiros, não podemos permitir que a desunião impere. Tal desunião finda por fomentar o populismo, tão deletério às instituições no país.
Não há que se falar em governo para pobres ou para ricos. Pouco após a eleição, a futura presidente já anunciou o antes negado retorno da CPMF e adiou o prometido aumento no salário mínimo. Não é exagero lembrar que Getulio Vargas era conhecido como pai dos pobres e mãe dos ricos.
Não precisamos de pais ou mães. Não precisamos de mais vitimização. Precisamos apenas de governantes com responsabilidade.
Se, para garantir a permanência no poder, foi necessário fomentar a cisão, é preciso ter a decência de governar pela e para a União.
Quanto a Mayara, entendo que errou, mas não parece justo que seja demonizada como paulista racista, quando o mote dado na campanha eleitoral foi justamente o da oposição entre as regiões.
Se não dermos um basta a esse estratagema para manutenção no poder, várias Mayaras surgirão, em São Paulo, em Pernambuco, por todo o Brasil, e corremos o risco de perder o que temos de mais característico, a tolerância. Em nome de meu saudoso avô pernambucano, peço aos brasileiros que se mantenham unidos e fortes!
*JANAINA CONCEIÇÃO PASCHOAL, advogada, é professora associada de direito penal na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
*****
Para o Painel do Leitor
Racismo às avessas
Lendo as absurdas argumentações da professora Janaina Paschoal “Em defesa da estudante Mayara”, lembrei que grandes pesquisadores do racismo e preconceito no Brasil, como Roger Bastide e Florestan Fernandes, denunciaram a lógica da inversão. Graças a ela, não apenas não somos racistas, como, ademais, tudo que acontece é culpa da vítima. Se não fossem os negros, os nordestinos, os pobres, as prostitutas, os homossexuais, se Lula não fosse presidente, a estudante Mayara não teria cometido o destempério de pedir o assassinato de ninguém e tampouco teria sido demonizada. Coitadinha dela!

Heloísa Fernandes, professora associada de Sociologia da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Lei Maria da Penha

Homens x Mulheres ou Homens + Mulheres... parte II

Homens x Mulheres ou Homens + Mulheres... qualquer coisa assim!




Eu gosto de gente!!!
Pra começar, gente tem em todo o lugar. Não vivo em uma ilha e nem medito no Tibet. Morar na cidade grande me faz conviver com gente de todo o tipo e às vezes me pego a observar como é bacana a diferença, principalmente entre homens e mulheres. E hoje, recebi por email a charge sobre a pesquisa onde mulheres falam vinte mil palavras por dia e os homens sete mil.
Aí, me dei conta de como é verdade o tanto que nós mulheres falamos. Percebo isso, por exemplo, no vagão do metrô exclusivo para mulheres nos horários de pico. Parece que todas se conhecem e o papo rola solto durante a viagem, mesmo que não se tenha ar para respirar de tão cheio.  Se estivermos no supermercado, ali paradas, observando rótulos e prazos de validade, quase sempre há uma mulher que nos pergunta sobre uma determinada marca do produto, se é boa ou não, se é conhecida, e se o preço está caro ou barato. Pode-se também se estabelecer um diálogo sobre uma boa receita pra fazer com o tal produto, e se as duas estão com tempo, trocam-se outras receitas, com a possibilidade de expandirem o assunto para receitas de sobremesa. Se for fila de banco e tem duas mulheres juntas, é impossível não haver algum comentário sobre o tempo perdido na fila, porque tem que voltar para o trabalho, ou tem que ir ao médico, dentista, buscar filho na escola...
E banheiro feminino de bar? Durante o retoque no batom, a ajeitadinha básica no cabelo e na roupa, falamos de diversos temas, que pode ser o teor alcoólico que alguém se encontra, ou os “gatos” maravilhosos disponíveis, ou a programação para os próximos dias e que vale a pena conferir.
E reunião com mulheres? Se forem mais de 5 vira balbúrdia! O mais interessante é que todas falam ao mesmo tempo e todas respondem a todas sem perder o fio da meada. É um “barato”! Se uma dá gargalhada sobre um determinado assunto, a outra conclui o assunto que estava com outra amiga e retoma com a outra para saber o porquê esta riu tanto, e começa tudo de novo e mais outra quer saber e assim, o papo vai crescendo... crescendo... E de repente, do nada, se muda para outros assuntos, em forma de conversas paralelas, enfim... É muito interessante a dinâmica feminina para conversar em grupo.
Os homens falam bastante também, mas existe, na grande maioria das vezes, uma certa lógica no diálogo masculino. Um fala, os outros ouvem, ou respondem, ou comentam, mas cada um na sua vez. Nunca vi homens no mercado trocando receitas, ou comentando sobre qualidade dos produtos. Nas filas de banco eles são muito espertos para controlarem a fila, mas somente conversam com outras pessoas se forem conhecidas. Não conheço a dinâmica do banheiro masculino, mas como tudo deles é bem rápido, acredito que não existam conversas interessantes.
Ah! Lembrei de um tema que causa frisson nos homens... Futebol! Este sim pode subverter a ordem acima descrita.
Eles ficam bastante animados quando o assunto futebol vem à tona, e falam ao mesmo tempo, se recordam de lances históricos de jogadores ancestrais dos seus times, reclamam com toda a euforia se o juiz roubou ou se outro jogador cometeu aquela falta que machucou o atacante aclamado pela torcida  (vale ressaltar que toda a conversa vem sempre recheada de muitas palavras de baixo calão). São tantas as nuances dessa conversa, que passa pelos relatos de todos os momentos ocorridos durante a partida, como também os comentários que escutaram na TV após o jogo (porque não satisfeitos em verem a partida toda pela televisão, ou no estádio, ainda ficam ligados em todos os programas de esporte do dia e também nas 24 horas após, principalmente se o seu time foi vencedor), sem falar da internet que entra em ação durante a semana toda, se o time foi bem ou se o time foi mal. Sofrem com a possibilidade de perderem o campeonato umas 10 rodadas antes de encerrar, fazem contas, escalam o time para o próximo jogo. Pois é, eles gostam muito desse assunto futebol e nós, mulheres,  precisamos ter nesses momentos toda a paciência e cumplicidade para sabermos ouvir, por parte deles, as 20 mil palavras por dia sobre o tema.
Eu nem vou comentar sobre a idéia que tive de fazer uma campanha para que os homens também possam demonstrar toda a paixão pelas esposas, companheiras ou namoradas, como demonstram pelo time de coração.
Para eles, não é “pagar mico” cantarem até perderem a voz as canções de incentivo ao time durante a partida. Imagino um dia em que cada uma de nós poderemos ser exaltadas por canções de incentivo ao relacionamento feliz. Não dá vergonha aos homens usarem camisetas dos times em sinal de amor ao clube (ainda mais se ele fez bonito no dia anterior). Imagine se um dia, nós mulheres, vamos ter nossas fotos estampadas em suas camisetas depois de fazermos bonito no dia anterior?
Mas, voltando o assunto... Mulheres falam muito mesmo, mas acredito que é uma forma de estarmos expressando o nosso dinamismo, a capacidade de darmos conta de tantas coisas diferentes ao mesmo tempo. Quando se fala de uma coisa aqui, a gente já está lá, e falar é uma forma de nos organizarmos para o que está por vir, que também nos remete ao que já passou. Deu pra entender?... Bem, acho que só as mulheres vão saber responder!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

CNJ afasta juiz por declarações machistas

São Paulo - O Conselho Nacional de Justiça afastou o juiz, Edilson Rodrigues, de Sete Lagoas (MG), acusado de machismo no julgamento de processos relacionados à Lei Maria da Penha. Por nove votos a seis, foi decidido o afastamento da função por dois anos. Depois do tempo de afastamento o magistrado pode solicitar ao CNJ o retorno ao tribunal.
Além dos nove conselheiros que decidiram pela disponibilidade, os outros seis votaram pela censura ao juiz e por um teste para aferir sua sanidade mental. Cabe recurso da decisão no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2007, o juiz utilizou declarações discriminatórias de gênero ao proferir uma sentença em processo de violência contra a mulher. Segundo ele, "o mundo é masculino e assim deve permanecer" e as "desgraças humanas começaram por causa da mulher".
O juiz também classificou a Lei Maria da Penha como um "monstrengo tinhoso" e que era um "um conjunto de regras diabólicas".
A Lei Maria da Penha foi sancionada em agosto de 2006 e estabeleceu regras mais rígidas contra os acusados de agressão contra a mulher. Também criou instrumentos de proteção as vítimas e de seus filhos.

O retrato de um país feliz

Dia D. O 31 de outubro de 2010 será lembrado para sempre como o Dia Dilma. O dia em que o Brasil consagrou, pela primeira vez em sua história, uma mulher como presidente da República. Dilma Vana Rousseff, uma mineira de 62 anos, chega ao poder pelos votos de 55,7 milhões de brasileiros, 12 milhões a mais do que seu oponente José Serra. 
Um resultado convincente, incontestável e que revela um significado óbvio: a presidente eleita é o retrato de um Brasil feliz e que pretende seguir no mesmo rumo, com crescimento econômico e inclusão social. 
 
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"Como a primeira mulher a chegar à Presidência da República, eu não tenho o direito de errar.
E eu não vou errar"
 
De um país onde mais de 40 milhões de pessoas – praticamente uma Espanha – foram incorporadas à classe média e ao mercado de consumo nos últimos anos. E onde a erradicação da pobreza extrema já parece ser uma meta alcançável num horizonte relativamente curto.“Eu pretendo honrar a confiança dos brasileiros”, disse Dilma Rousseff, na noite do domingo 31, ao saber do resultado final. “Vou dar tudo de mim e um pouco mais.”
 
Chegar à Presidência da República de qualquer nação relevante nunca é fruto de uma escolha pessoal – é quase sempre destino. Da militância estudantil ao Palácio do Planalto, Dilma construiu uma trajetória única e absolutamente original. Combateu a ditadura militar, foi presa, incorporou-se à vida política no Rio Grande do Sul, enfrentou o apagão elétrico como secretária de Minas e Energia do governo gaúcho e foi descoberta pelo PT às vésperas da posse de Luiz Inácio Lula da Silva em seu primeiro mandato.
 
Trabalhadora, firme e disciplinada, ela foi aos poucos conquistando seu espaço em Brasília e soube se impor sobre outros nomes do PT que antes pareciam mais fortes. Ao longo da campanha, mostrou fibra, determinação e transmitiu mais credibilidade e sinceridade ao eleitor. 
 
Ganhou não apenas pela popularidade transferida a ela pelo presidente Lula, mas também por seus próprios méritos. Um deles, o de contribuir, com a coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento, para o novo ciclo de desenvolvimento que se inicia no Brasil. 
 
Afinal, os ventos que a levam ao Palácio do Planalto são, sobretudo, econômicos. A média de crescimento do PIB nos oito anos do governo Lula foi de 4%, o que foi suficiente para gerar mais de 14,5 milhões de empregos com carteira assinada. São brasileiros que, como a grande maioria da população, progrediram nos últimos anos. 
 
“O ganho não foi apenas econômico, mas essencialmente de autoestima”, avalia o professor e ex-ministro Delfim Netto. “Perdemos definitivamente o nosso complexo de vira-latas.” 
 
No campo social, a curva de redução da pobreza extrema, que já vinha caindo desde 1994, com a implantação do Plano Real, acentuou-se nos últimos anos. Eram 26,6% da população em 2002 e hoje são 15,5%. E a renda média do trabalho também avançou de forma mais rápida. 
 
No início do governo Lula, um trabalhador que vivesse com o salário mínimo necessitava de 175 horas de trabalho para adquirir uma cesta básica – em 2009, eram necessárias 109 horas. 
 
“Com mais renda, milhões de brasileiros entraram no mercado e foram ao varejo para ter acesso a bens de consumo indispensáveis”, avalia a empresária Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza, uma das maiores redes varejistas do País.
 
Aos ganhos de renda, somou-se uma oferta de financiamentos jamais vista no País. No início do governo Lula, o estoque das operações de crédito era de R$ 400 bilhões – hoje, o volume é de R$ 1,6 trilhão. 
 
Esse R$ 1,2 trilhão a mais fez com que o País se transformasse no quarto maior mercado de veículos do mundo e experimentasse uma revolução no mercado imobiliário. O Brasil, nas palavras de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, passou a colher os “dividendos da estabilidade”.
 
Dilma herdará, portanto, um país no auge de saúde econômica e financeira no dia 1º de janeiro de 2011, quando receber a faixa presidencial das mãos de Luiz Inácio Lula da Silva. 
 
A média das estimativas de mercado aponta uma tendência de crescimento de 5,5% nos próximos quatro anos. A inflação deve permanecer dentro da meta de 4,5%, e a dívida interna pode cair para pouco mais de 30% do PIB.
 
São números alvissareiros. Pela primeira vez, o Brasil elege uma liderança que chega ao poder sem grandes incêndios econômicos a apagar. Dilma, portanto, terá a oportunidade de fazer com que o Brasil avance em áreas como educação, saúde, segurança e infraestrutura. E, neste último campo, o Brasil não tem escolha. 
 
Gerar mais energia e modernizar estradas, portos e aeroportos será essencial não apenas para garantir a continuidade do crescimento, como também para preparar o Brasil para dois eventos de porte global: a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. A vantagem é que, apesar do desafio, o Brasil tem os recursos necessários para superá-lo.
 
Já como presidente eleita, Dilma Rousseff emitiu vários sinais importantes – e todos eles na direção correta. O primeiro foi a escolha do ex-ministro Antônio Palocci como seu braço direito. Palocci será sempre uma âncora relevante não apenas na economia, mas também na articulação política. 
 
No tocante à equipe, há também indícios de que os dois timoneiros da economia, Guido Mantega e Henrique Meirelles, poderão continuar nos postos que ocupam. E Dilma também falou sobre os primeiros desafios, como o de enfrentar a guerra cambial antes mesmo da posse – ela será convidada de honra da próxima reunião do G20, em Seul, na Coreia do Sul, nos dias 11 e 12 de novembro. 
 
Por fim, Dilma também sinalizou que fará um governo de políticas afirmativas em relação às mulheres, ajudando a construir um país em que todos tenham oportunidades iguais.
Sim, Dilma, a mulher também pode.
Sim, Dilma, você pode!
 
Por Leonardo Attuch
Fonte: Isto É Dinheiro