Um resultado convincente, incontestável e que revela um significado óbvio: a presidente eleita é o retrato de um Brasil feliz e que pretende seguir no mesmo rumo, com crescimento econômico e inclusão social.

"Como a primeira mulher a chegar à Presidência da República, eu não tenho o direito de errar.
E eu não vou errar"
De um país onde mais de 40 milhões de pessoas – praticamente uma Espanha – foram incorporadas à classe média e ao mercado de consumo nos últimos anos. E onde a erradicação da pobreza extrema já parece ser uma meta alcançável num horizonte relativamente curto.“Eu pretendo honrar a confiança dos brasileiros”, disse Dilma Rousseff, na noite do domingo 31, ao saber do resultado final. “Vou dar tudo de mim e um pouco mais.”
Chegar à Presidência da República de qualquer nação relevante nunca é fruto de uma escolha pessoal – é quase sempre destino. Da militância estudantil ao Palácio do Planalto, Dilma construiu uma trajetória única e absolutamente original. Combateu a ditadura militar, foi presa, incorporou-se à vida política no Rio Grande do Sul, enfrentou o apagão elétrico como secretária de Minas e Energia do governo gaúcho e foi descoberta pelo PT às vésperas da posse de Luiz Inácio Lula da Silva em seu primeiro mandato.
Trabalhadora, firme e disciplinada, ela foi aos poucos conquistando seu espaço em Brasília e soube se impor sobre outros nomes do PT que antes pareciam mais fortes. Ao longo da campanha, mostrou fibra, determinação e transmitiu mais credibilidade e sinceridade ao eleitor.
Ganhou não apenas pela popularidade transferida a ela pelo presidente Lula, mas também por seus próprios méritos. Um deles, o de contribuir, com a coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento, para o novo ciclo de desenvolvimento que se inicia no Brasil.
Afinal, os ventos que a levam ao Palácio do Planalto são, sobretudo, econômicos. A média de crescimento do PIB nos oito anos do governo Lula foi de 4%, o que foi suficiente para gerar mais de 14,5 milhões de empregos com carteira assinada. São brasileiros que, como a grande maioria da população, progrediram nos últimos anos.
“O ganho não foi apenas econômico, mas essencialmente de autoestima”, avalia o professor e ex-ministro Delfim Netto. “Perdemos definitivamente o nosso complexo de vira-latas.”
No campo social, a curva de redução da pobreza extrema, que já vinha caindo desde 1994, com a implantação do Plano Real, acentuou-se nos últimos anos. Eram 26,6% da população em 2002 e hoje são 15,5%. E a renda média do trabalho também avançou de forma mais rápida.
No início do governo Lula, um trabalhador que vivesse com o salário mínimo necessitava de 175 horas de trabalho para adquirir uma cesta básica – em 2009, eram necessárias 109 horas.
“Com mais renda, milhões de brasileiros entraram no mercado e foram ao varejo para ter acesso a bens de consumo indispensáveis”, avalia a empresária Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza, uma das maiores redes varejistas do País.
Aos ganhos de renda, somou-se uma oferta de financiamentos jamais vista no País. No início do governo Lula, o estoque das operações de crédito era de R$ 400 bilhões – hoje, o volume é de R$ 1,6 trilhão.
Esse R$ 1,2 trilhão a mais fez com que o País se transformasse no quarto maior mercado de veículos do mundo e experimentasse uma revolução no mercado imobiliário. O Brasil, nas palavras de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, passou a colher os “dividendos da estabilidade”.
Dilma herdará, portanto, um país no auge de saúde econômica e financeira no dia 1º de janeiro de 2011, quando receber a faixa presidencial das mãos de Luiz Inácio Lula da Silva.
A média das estimativas de mercado aponta uma tendência de crescimento de 5,5% nos próximos quatro anos. A inflação deve permanecer dentro da meta de 4,5%, e a dívida interna pode cair para pouco mais de 30% do PIB.
São números alvissareiros. Pela primeira vez, o Brasil elege uma liderança que chega ao poder sem grandes incêndios econômicos a apagar. Dilma, portanto, terá a oportunidade de fazer com que o Brasil avance em áreas como educação, saúde, segurança e infraestrutura. E, neste último campo, o Brasil não tem escolha.
Gerar mais energia e modernizar estradas, portos e aeroportos será essencial não apenas para garantir a continuidade do crescimento, como também para preparar o Brasil para dois eventos de porte global: a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. A vantagem é que, apesar do desafio, o Brasil tem os recursos necessários para superá-lo.
Já como presidente eleita, Dilma Rousseff emitiu vários sinais importantes – e todos eles na direção correta. O primeiro foi a escolha do ex-ministro Antônio Palocci como seu braço direito. Palocci será sempre uma âncora relevante não apenas na economia, mas também na articulação política.
No tocante à equipe, há também indícios de que os dois timoneiros da economia, Guido Mantega e Henrique Meirelles, poderão continuar nos postos que ocupam. E Dilma também falou sobre os primeiros desafios, como o de enfrentar a guerra cambial antes mesmo da posse – ela será convidada de honra da próxima reunião do G20, em Seul, na Coreia do Sul, nos dias 11 e 12 de novembro.
Por fim, Dilma também sinalizou que fará um governo de políticas afirmativas em relação às mulheres, ajudando a construir um país em que todos tenham oportunidades iguais.
Sim, Dilma, a mulher também pode.
Sim, Dilma, você pode!
Por Leonardo Attuch
Fonte: Isto É Dinheiro
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